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Como assim? Um feto como narrador? Só Ian mesmo... sempre se arriscando... sempre se reinventando! Trama muito boa e narrativa super fluida, que te prendem a atenção, e que, se por um lado te fazem querer acelerar a leitura pra descobrir o final, por outro, te fazem ler com calma para apreciar cada detalhe, cada conexão que é feita entre as sensações do feto (alterações fisiológicas no corpo da mãe) e os acontecimentos externos: "a ligeira elevação de nossa pressão sanguínea sugere que os dedos psoríacos dele pressionam a palma dela". Ian a todo momento destaca fatos do cotidiano que retratam a situação caótica do mundo em que vivemos a fim de incutir no leitor essa dúvida que inicialmente acomete o narrador-personagem-feto: vale a pena nascer? Neste mundo? Em um segundo momento, com o desenrolar dos acontecimentos, ele já está certo de que este mundo caótico ainda tem muitas coisas boas pelas quais se deve lutar. E aí que entra seu segundo questionamento: o que seria melhor? Viver ao lado desta mãe maquiavélica na cadeia ou ser um órfão com grandes chances de ter uma vida boa? Outros questionamentos vão sendo colocados pelo feto, mas não vou entrar em detalhes para evitar spoiler. De qualquer forma, o ponto é: desde a barriga da mãe o livre arbítrio já se impõe, com todos os ônus que lhe são inerentes: a indecisão, o medo de trilhar o caminho errado, a angústia pelas inúmeras consequências possíveis diante de um cenário complexo. E então ele tenta, dentro de seus limites, alterar o curso da história. Mas no final: "... nos degraus gastos sobem: primeiro a tristeza, depois a justiça, enfim o significado. O resto é caos." #livros #livro #leitura #literatura #amoler #amolerlivros #bookstagram #booklover #bookworm #books #instabook #instalivros #instabooks #book #leituradavez #enclausurado #ianmcewan #companhiadasletras #nutshell #nutshellanovel